10 July 2007

o que é preciso é viver sem medo

Maputo, 2003

Hoje tive a honra de conhecer a simpática dona Maria Luísa, mãe do falecido jornalista Carlos Cardoso. Foi com comoção que três vezes me apresentou: “este senhor não conheceu o meu filho Carlitos mas ouviu falar muito dele”. Uma mãe que vê um filho morrer é como se algo em si morresse também. É com certeza a forma mais penosa de morrer: morrer ficando vivo. A dor que diz que não sentiu no nascimento do filho, convicta que dali não viria dor ao Mundo, sentiu-a apenas com a sua morte. Com preocupação ainda lhe repete o aviso: “Ai Carlitos que um dia te vão matar”. Num misto de orgulho e tristeza ainda o recorda: “O que é preciso é viver sem medo”.


"...Então
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta

À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar
já sou herói... "

(Carlos Cardoso, "Cidade 1985")

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