02 November 2007

(futebol)ismos (3)

Maputo, 2004
Em Julho de 2003, ao fim de cerca de uma semana em Maputo, assisti a uma conferência do Mia Couto no hotel Polana, supostamente sobre um relatório do Banco Mundial sobre o desenvolvimento em Moçambique, mas na realidade sobre a questão das identidades nacionais. A moçambicanidade, o anti-colonialismo, a existência de várias cidadanias em Moçambique, a relação dos jovens com as culturas estrangeiras foram assuntos discutidos, animadamente, pelo conferencista e pela audiência.

No final jantei com amigos moçambicanos. Apesar das convicções nacionalistas um facto é que se discutiu, com profundo entusiasmo, as qualidades técnicas do Figo e do Rui Costa, reagiu-se com indignação a provocações clubistas e comparou-se, com conhecimento, o plantel do Sporting ao do Benfica. E bebeu-se muito vinho de pacote, de marca Amália, que eu não usaria sequer para temperar a carne. Durante o jantar só faltou mesmo um fado. Ao fim de cerca de uma semana na cidade apercebi-me que um anti-colonialismo militante das classes médias é conjugado com dimensões salazaristas da cultura portuguesa. I am not I.

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