02 August 2007

cuidado com o SIDA (2)

Maputo, 2004

Os discursos sobre o continente africano oriundos das ciências sociais, da política e, sobretudo, dos mass media enquadram-se naquilo que o queniano Abdalla Bujra definiu de afro-pessimismo. Trata-se de uma atitude que simplesmente projecta tendências passadas sobre o futuro e não vê mais nada para além da escuridão de África. Segundo esta percepção, os países africanos constituem regiões sem esperança, marcados pela pobreza, por doenças endémicas e pelo sub-desevolvimento, pela corrupção e pela violência política. Os processos de reprodução das desigualdades sociais traduzem-se num contínuo aumento do fosso entre os países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento. O peso económico da África subsariana no conjunto da economia internacional torna-se progressivamente menor. Entre 1950 e 2000, a sua parte do PIB Mundial, expresso em paridade de compra, caiu em cerca de um terço e, em 2005, não representava sequer 1% a nível Mundial. Até meados da década de 1990, a África subsariana apenas participava nuns escassos 2% do total do comércio Mundial. A ominipresença destas notícias sobre África conduz a projecções negativas para o futuro do continente.

Esta visão contrasta com outras representações mais optimistas que apresentam África como um continente que, apesar dos problemas evidentes de que padece, dispõe de recursos e de possibilidades suficientes para olhar o futuro com outro sentimento. De acordo com dados da United Nations Statistics Division, em Moçambique, ao longo da década de 1990, a taxa de crianças matriculadas no ensino primário aumentou para 41% (+11%), e a população a viver em situação de desnutrição diminuiu para 47% (-19%). A taxa de mortalidade infantil registou também uma diminuição para 147 (-88) crianças por cada mil nascimentos.

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