30 July 2007

cuidado com o SIDA

Bilene, 2004

Numa crónica do Expresso assinada por José Cutileiro lê-se que de acordo com "sondagens recentes conduzidas por gente séria e experimentada" (o que só assim não significa rigorosamente nada), a maioria dos africanos são muito mais optimistas do que os europeus quanto ao seu futuro e ao da próxima geração. De acordo com a incógnita investigação, apesar da descrença geral em relação à transparência de escrutínios eleitorais, ao usufruto das riquezas do país e à honestidade dos dirigentes, 69% dos nigerianos estão seguros que as crianças de hoje terão em crescidas uma vida melhor do que a deles. Que por todo o continente subsariano houve respostas parecidas. Em França, Alemanha, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos, pelo contrário, maiorias significativas estão convencidas que os filhos terão vidas bem piores que as suas. O optimismo dos africanos foi relacionado com o facto das suas economias estarem a crescer muito mais do que as do dito "mundo desenvolvido". Não sei… Cuidado com o SIDA.

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26 July 2007

I am not I (8)


"Je danse. Donc je suis".

(Leópold Senghor)

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20 July 2007

satisfação insatisfeita

Cahkt–Metepbyptcknñ (Saint-Petersburg), 2002
Um cigarro pode ser um tipo perfeito de perfeito prazer: é requintado e deixa-nos insatisfeitos...

19 July 2007

democracia

Gdansk, 2007

"A democracia é um mecanismo que garante que nunca seremos governados melhor do que aquilo que merecemos".
(George Bernard Shaw)

10 July 2007

o que é preciso é viver sem medo

Maputo, 2003

Hoje tive a honra de conhecer a simpática dona Maria Luísa, mãe do falecido jornalista Carlos Cardoso. Foi com comoção que três vezes me apresentou: “este senhor não conheceu o meu filho Carlitos mas ouviu falar muito dele”. Uma mãe que vê um filho morrer é como se algo em si morresse também. É com certeza a forma mais penosa de morrer: morrer ficando vivo. A dor que diz que não sentiu no nascimento do filho, convicta que dali não viria dor ao Mundo, sentiu-a apenas com a sua morte. Com preocupação ainda lhe repete o aviso: “Ai Carlitos que um dia te vão matar”. Num misto de orgulho e tristeza ainda o recorda: “O que é preciso é viver sem medo”.


"...Então
com a raiva intacta resgatada à dor
danço no coração um xigubo guerreiro
e clandestinamente soletro a utopia invicta

À noite quando me deito em Maputo
não preciso de rezar
já sou herói... "

(Carlos Cardoso, "Cidade 1985")

08 July 2007

I am not I (7)

Luciano Costa, "Afirmação", óleo sobre tela, livraria Centésima Página.

Aicha e-Wafi é mãe de Zacarias Moussaoui, condenado a prisão perpétua, por cumplicidade nos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos. Depois de uma infância feliz em Marrocos, com os tios liberais para a cultura muçulmana, Aicha el-Wafi casou aos 14 anos, à força, e acabou violada, espancada e explorada pelo marido. Aos 22 anos, Aicha tinha quatro filhos, dois já tinham morrido bebés depois de, grávida, ter sido espancada por Omar, o homem a quem o irmão a entregou e que já tinha estado preso por cegar a ex-mulher. Consegue divorciar-se e fugir para França, deixando as crianças num orfanato até conseguir ter trabalho. Torna-se funcionária da limpeza dos correios franceses, estuda, compra uma casa e reúne a família.
Aicha referiu que quando chegou a França se sentiu como uma estrangeira que aí se sentia integrada. Tratou-se da principal diferença em relação às segundas gerações de emigrantes: franceses que se sentem franceses desintegrados no seu próprio país. Segundo Aicha, “Eu amo a França. Mas não como ela me ama a mim”.

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02 July 2007

desassossego

Praga, 1998

Acho que pertenço ao grupo de pessoas que tem a presunção de achar que é no meio do povo que se encontra o país profundo, como se existisse uma única profundidade num país. Por essa e por outras razões utilizo com frequência os transportes públicos. Ontem, uma simpática senhora com mongolismo, de óculos de garrafa e cujo cheiro nauseabundo ainda consigo sentir sentou-se ao meu lado no comboio. Fez questão de partilhar comigo, insistentemente, a história do passe, que “veio de Lisboa”, enquanto a mãe, ao lado e em pé, ia ordenando à filha que se calasse.

Na feira do livro na estação de São Bento comprei o Livro do Desassossego de Fernando Pessoa por 5 Euros. Depois da primeira frase tive a certeza que o acabo antes das férias:

Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os maiores a haviam tido”.

01 July 2007

sabedoria de ponta (3)

Maputo, 2003
- (jornalista) O que queria que acontecesse depois das eleições?
- (vendedor) Queria que houvesse paz, que não houvesse guerra. Que houvesse emprego. Que houvesse mudanças.
- (jornalista) Que mudanças queria que houvessem?
- (vendedor) Queria que as mudanças mudassem.

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