23 December 2007

silêncio. fenómeno físico (2)

Jyväskylä, 2002.

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13 December 2007

tristes trópicos (3)

Vilankulos, 2007

Sopa quer saber notícias do mundo e pouco importa que sejam verdade. Quando viajar gostava de ir ao Maputo.

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12 December 2007

tristes trópicos (2)

Vilankulos, 2003

Hogigo não sai de casa quando à noite a lua dá sentido à escuridão. Receia que dentro da noite haja uma outra. De dia sonha com o acontecer do mundo mas sabe que o mundo não acontece. O mundo demora tanto que ainda não veio. Hogigo faz então o melhor que sabe. Talvez acordar seja um lento envelhecimento, um enfado que se soma ao cansaço da humanidade.

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11 December 2007

cimeira UE-UA

Vilankulos, 2002.

No rescaldo da cimeira Europa-África, o Bagaço Amarelo publicou este texto:

"Marido e mulher vivem juntos mas já não se conseguem aturar um ao outro. Dormem em quartos separados, cozinham cada um para si a horas diferentes e compraram uma televisão nova porque gostam de programas também diferentes. Só falam um com o outro para discutir quem é que deve pagar as contas da água, do gás e da electricidade. Às vezes também embirram porque precisam de ir à casa de banho ao mesmo tempo e, ou ela gasta horas a pintar o cabelo e a fazer a depilação, ou ele se põe a ler o jornal enquanto defeca. No entanto, quando saem para encontros sociais, vão juntos e fingem que está tudo bem na relação. No fundo, discutem muito mas continua sempre tudo na mesma.

Na cimeira União Europeia/África, que terminou hoje em Lisboa, tentaram sorrir um para o outro mas não conseguiram. Acabaram por discutir um bocadinho mas sempre com a voz baixa, não fosse alguém perceber que a relação está em crise. Amanhã vai continuar tudo na mesma: no Zimbabué, no Sudão e em Cabinda, por exemplo. Entretanto, a Europa vai fazendo a depilação no corredor enquanto África lê o jornal e caga".

07 December 2007

(futebol)ismos (7)

Estádio Municipal de Braga, 2004, jogo Holanda-Estónia.


No início do campeonato do Mundo de futebol de 2006, incomodado com o predomínio de jogadores de descendência africana na selecção francesa, o humorista Jean-Marie Le Pen disparatou que os franceses não se reviam na selecção de futebol do seu país. Nunca cheguei a perceber bem quem eram os "franceses". Semanas mais tarde, depois de todas as equipas do continente africano terem sido eliminadas, a selecção francesa derrotou a congénere brasileira nos quartos de final da competição, transformando-se no adversário seguinte da equipa portuguesa. Minutos depois do França-Brasil recebi uma mensagem no telemóvel de um amigo moçambicano: "Viva a França! A selecção mais africana do Mundial". Também não percebi bem quem eram os africanos, mas reparei com humor como, por vezes, um africano e um líder da extrema-direita francesa conseguem estar tão de acordo.

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06 December 2007

(futebol)ismos (6)

Aveiro, 2006, visionamento na TV do jogo Portugal-Angola.


No dia 25 de Junho de 1975, no estádio da Machava, foi oficialmente proclamada a independência de Moçambique. O povo saiu à rua e a cidade de Maputo fervilhou, festejando a libertação em relação ao colonialismo português.

No dia 25 de Junho de 2006, a selecção portuguesa de futebol derrotou a congénere holandesa por 1-0, nos oitavos de final do campeonato do Mundo.

No dia 25 de Junho de 1975 ninguém imaginou que, no trigésimo primeiro aniversário da independência de Moçambique, nas ruas de Maputo se iriam formar, espontaneamente, caravanas de automóveis, com bandeiras e cachecóis da selecção portuguesa de futebol, gritando-se o nome da antiga potência colonial. Enfim...

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05 December 2007

silêncio. fenómeno físico

Jyväskylä, 2002

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03 December 2007

o pintor bonito (2)



Clown talvez tivesse sido um homem seguro, que explodia ditirambos, mas Clown não queria existir aqui.
Por esta altura era seu desejo escrever com as estrelas a latejar na cabeça uma família com deus e tudo.
Clown talvez fosse uma figura do velho testamento.
Clown rejeitava maçãs na juventude, mas na infância era do que se alimentava...
Talvez Clown fosse o melhor amigo de Heiner Muller.
Clown foi um ditirambo quando uma criança apareceu com a carinha pintada de cores celeste,
(clown!) (clown!) (clown!)

Trunk
Pong
Don't
Poing

O inglês era surdo,

Again
Trunk
Paul

Eu e tu, na noite estrelar, nos olhos, Clown.
Houve uma noite que, dear Clown se revelou, era o pai....

Gostava que Clown fosse sinónimo de lágrima na secretária que eu via de madeira feita de chocolate.
As pombas das boulevards comiam chocolate azul eléctrico com sais de prata para os olhinhos…
Não era terrorismo a criança alimentar-se no crepúsculo das quatro e um quarto da manhã.
Heiner Clown costumava ver Bowie Clown e Peter Clown e Nich Clown
O Céu chorava…
O Céu chorava…
E as pombas fotografavam o primeiro espaço de jeito de ocidente a oriente. E viva a trigonometria! Do nariz de Clown.
Olhos de velhinho – era então menino.
Os homem também são meninos e, os meninos, até os que não tiveram espaço para sê-lo.
Mas Freud Clown vestia-lhes as fardas dos sorrisos nos lábios.
As mulheres pintavam-se pouco, houve tempo para tudo, assim como:
depois disto tudo, o som saiu e entrou estrelas acima, e veio o clarão.

Não pensem que sou Clown
Mas, tenho sentimento Clown


Clown Clown

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