pára-me de repente...
Esse turbilhão de gente que fervilhou no calor africano e que intensamente aí viveu a loucura da juventude constituiu a geração histórica que assistiu à queda do império, ou melhor, do seu seu mito. Foi a traumática saída de África, para colonizadores e para colonizados (como escreveu o Mia Couto, em África aconteceram dois dramas: o primeiro foi a chegada do homem branco. O segundo foi a sua partida).
Portugal cingiu-se ao canto da Europa, reestruturou o seu lugar no Mundo e orientou-se para a União Europeia. Para muitos, o outro continente manteve-se presente no remorso e na saudade, na fantasia e no pesadelo, no silêncio e no tabu.
Com o fim das guerras civis e com o boom económico de Moçambique e Angola renasceu o discurso retórico da vocação atlântica. São comitivas de políticos e de empresários de orientação neo-colonial que embarcam cheios de presunção e de ideias feitas. Hoje, quando o calor aperta, quem durante o crepúsculo visitar a campa de Salazar, no preciso momento em que o Sol toca a linha do horizonte talvez consiga escutar um ligeiro sussurro: “Para Angola imediatamente e em jeito”.
Enfim… pára-me de repente.